segunda-feira, novembro 29, 2004

Exactamente!


O Homem-Sombra é o meu herói preferido.
Não humilha, como o Super-Homem, as mangueirinhas dos bombeiros que, vá-se lá saber porquê, têm a morte a gravilhar-lhes as funções;
Não atrapalha o trânsito como o Batman, com um bólide que só sai no cache-cache da noite e que - a tanto turbo - bem podia comportar um acessório de asinhas (satisfazendo com mais propriedade o ângulo de visão das garotas e dos robins, que preferem mesmo olhar para as estrelas);
Não (se) enreda (n)as paredes como o Homem-Aranha para desmultiplicar o corpo pela cidade dos vilões e que se fica (o caixa d'óculos!) por tartamudear um "gosto de ti, rapariga!" em vez de, com tanto artefacto, trepar por ela acima.
O Homem-Sombra tem essa qualidade que os outros e nós, palhaços de circo e vamps de néons, nunca poderemos sequer (s)ombrear: o gajo existe!!!!
Nunca o vi nessa redundância neurasténica de se inventar e reinventar todos os dias.
Quando se despe (pasmem: o gajo despe-se!) só tem mesmo um corpo; e quando fala só fala por ele uma alma; e se os desejos são mais do que muitos, quando deseja o cabrão põe-nos na ordem e manda que avancem, um de cada vez.
O meu herói preferido é o Homem-Sombra.
Nenhum é tão luminoso como ele.
Exactamente.

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2 Comentários:

Blogger Ruiva disse...

Nossa adorada romancista, criadora dos enredos que animam o nosso dia-a-dia, nem mesmo tu tens o poder de insuflar de vida o Homem-Invisivel que habita em cada um de nós, no mais brumoso do nosso ego... E então que dizer daqueles Homens-(quase - assim se faça a nossa vontade)- Invisíveis, que nos habitam, bem mais à superficie dos sentidos, e que todos nós, mulheres e homens desta puta vida que teima em brincar com a pele alheia, desejariamos privar de alma e significado aos nossos e aos olhos dos outros?
Pois é minha amiga, nós nunca ameaçamos de morte, mas que ameaçamos, ameaçamos...

11:37 da tarde  
Blogger J disse...

Desculpai a interrupção, mas de que falamos? Desculpem de novo, mas, de que falas tu, abetarda de longas asas, que misturas no mesmo saco virtual, a parafernália da sombra com a inevitabilidade da luz? Saberás do que falas, ou é só mesmo renúncia de pele? É a memória que esgrimes, ou a fantasia dos comics pressentidos?
Tenho para mim que, por super-heroi de brincadeira elejo outro que não estes. Houve em tempos um homem aquático, que acamaradava com mulher da mesma estirpe, vogavam e submergiam nas águas, a velocidades várias e translúcidas, simplesmente. Parece-me que, após tantos anos de memória, eles apenas estavam. Imagino que eternamente molhados, próximos.Tinham olhos e escamas e usavam-se a si próprios como agasalhos. Imagino também que respirassem,talvez ao mesmo ritmo que os leitores e, seguramente, gostavam de peixe. Ao que supus na altura, os ditos peixes gostavam deles também.Não me lembro da alma dele, o que não quer dizer que não a tivesse de neon.

12:26 da tarde  

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