tag:blogger.com,1999:blog-92094642024-03-08T04:06:34.016+00:00os dias dêsTodos os dias têm os seus dês.Vou persegui-los, congelá-los aqui.Aos dês dos dias.Até lhes descobrir a diferença, as armadilhas. A porra dos porquês.
Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.comBlogger109125tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-14874840228977572292009-07-13T18:10:00.002+01:002009-07-13T21:36:18.241+01:00MelopeiaSob o teu olhar<br />a minha pele sossega<br />Ouç' uma melopeia<br />um canto líquido,<br />uma névoa que sob o teu olhar vagueia.<br />Sob o teu olhar<br />supendo-me em espera das voltas do mar<br />que só a areia encerra<br />Sob o teu olhar<br />a minha pele cega.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-72265610296202983602009-07-11T08:43:00.003+01:002009-07-11T08:51:06.016+01:00Nenhum somTrago as palavras suspensas na garganta, presas à ponta dos dedos. Dizem, talvez, assim:<br /><br />Os ruídos desatam memórias que ardem.<br />Procuro o silêncio como quem uma trégua.<br />Nenhum som é inocente.<br />Guardo os despojos a cada canto dos dias e caminho, sem alegria, entre sombras encostadas<br />aos contornos exactos do mundo.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-50727606856610746142009-03-31T15:03:00.002+01:002009-03-31T15:12:30.445+01:00O rapaz e os pirilamposGostei dele como uma criança de pirilampos, intervalos de luz no bréu dos quartos.<br />Esperava por ele, porque as noites em que vinha se acendiam até parecerem dias novos em folha.<br />Ele gostou de mim com a curiosidade de um jovem arqueólogo que se atira alegremente a descobrir que o passado fala com ele uma linguagem perceptível e muito próxima. E assim fomos até ao dia em que julgou que aquele universo inimitável era réplica deste onde se vive em pecado, se sofre em silêncio e não é permitido ser diferente, fugir...<br />Nesse dia não houve leveza, as palavras fizeram-se pedras escritas, perderam-se em olhares malévolos de velhos e os pirilampos, mortos, serviram de repasto a bandos de morcegos ávidos de sangue e de mortalidade.<br />Hoje recordo com a mesma ternura o rapaz e os pirilampos que o seguiam e recuso-me a acreditar nas vozes que me dizem que a vida é uma perigosa armadilha para os que sonham.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-9352581299398290202009-03-31T14:57:00.003+01:002009-03-31T15:03:19.447+01:00Como a noite as luasTens nos dias como a noite as luas e assim afectas esta formiga entregue à lavoura da vida...um sopro teu e está perdido todo o carreiro vencido, cansa-se o bicho deste destino ilegível, desta sina que o põe dependente de amores variáveis e de silêncios pedra...quase desiste.<br />Sabes, as palavras podiam, corajosamente, explicar o mundo e libertar a presa, mas isso seria uma revolução demasiado liberal para ti, não é?Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-28437041737000843512009-03-31T14:52:00.002+01:002009-03-31T14:56:55.875+01:00O ExpedienteAgora é fim-de-semana e tu fechas-te no teu círculo mais que secreto e é como os domingos para os pecadores, para os pescadores: ambos desaparecem do mar. Até ser segunda-feira outra vez, dia de voltar ao mundo e às suas entranhas, às suas estranhas criaturas...quem sou eu nos teus dias úteis senão migalhas do expediente?Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-8811069492943260032008-12-09T18:47:00.003+00:002009-03-31T14:52:42.686+01:00Menos um traçoHei-de esquecer-te.<br />Menos um gesto, menos um tom de voz, menos um traço do rosto.<br />Menos um abraço interior com o corpo todo.<br />Hei-de esquecer-te até não seres<br />Mais do que qualquer outro.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-58305823895451185732008-09-07T14:58:00.002+01:002008-09-07T15:01:33.312+01:00Límpido, o horizonteVejo, límpido, o horizonte ao fundo e é de mar. Recupero a transparência do olhar e a nitidez das partículas assenta sobre os meus dias de novo. Acho que deixei de te amar. Já não me comovo.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-65872380366508490262008-07-28T20:03:00.004+01:002008-07-28T20:31:37.244+01:00O tempo das peripécias<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEJXpLHBJHs01PykWek-HtqV42yymI7ouz07ihqV9fPvT1iRgooriPneHfTluQ29t-kFpcJYeX1lMqQJZ0PtAXbAsgY7ibnhc3PwQIkZ6zRF5HnubpG3maklj3kyP0XtgfG2cA2Q/s1600-h/bosch.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5228149282822103474" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEJXpLHBJHs01PykWek-HtqV42yymI7ouz07ihqV9fPvT1iRgooriPneHfTluQ29t-kFpcJYeX1lMqQJZ0PtAXbAsgY7ibnhc3PwQIkZ6zRF5HnubpG3maklj3kyP0XtgfG2cA2Q/s320/bosch.jpg" border="0" /></a>Sei que te amo, porque adoptei comovida as tuas memórias, como se de um filho, sendo eu a mãe que está quando estás sozinho...<br />e vejo-te a pedalar, apavorado, diante daquela ave sem cabeça que te persegue o triciclo<br />e tu és mais louro que o sol e estás muito penteado, apesar da corrida<br />e muito divertido apesar do medo...<br /><br />Sei que te amo, porque ouvi o teu segredo<br />e achei-te mais belo na transparência da verdade,<br />mais puro na transludência das lágrimas,<br />mais próximo na fragilidade da sombra exposta à luz...<br /><br />Sei que te amo, porque o teu pesadelo assentou nos meus sonhos e tudo o que eu vi, tudo o que ouvi foi com o coração na terra,<br />espalmado na terra,<br />desapaixonado e lúcido.<br /><br />Sei que te amo, porque tenho de ti um desenho exacto e à prova de água,<br />à prova de fogo e de distância<br />e à prova de mágoa...<br /><br />Sei que te amo, porque não me desiludiste, no tempo das peripécias.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-48714090811926063972008-07-25T21:16:00.011+01:002008-07-25T21:57:10.181+01:00Véspera<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgSakY9qHkbdZ0o-np-kJo2ETQ_zTLS-iittX6p7GuxUxHx6GgF24go9_sAiieixdTY60SwD3zXihPGXXd_D_EehhJp3zTqAhpPEZk422GeecMe0CvymugZ7Clr1R1IlyaiGhEow/s1600-h/rb.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5227057928843345458" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgSakY9qHkbdZ0o-np-kJo2ETQ_zTLS-iittX6p7GuxUxHx6GgF24go9_sAiieixdTY60SwD3zXihPGXXd_D_EehhJp3zTqAhpPEZk422GeecMe0CvymugZ7Clr1R1IlyaiGhEow/s320/rb.jpg" border="0" /></a><br /><div>Véspera é o caminho do futuro que espreita antes de ser presente, dia em que sempre chove cá dentro, porque é de menos. </div><br /><div></div><div>Véspera é esta nuvem cheia de vapor de horas - tão intensas que posso empurrá-las - de marcação agitada de gestos, de compostura das cenas, de confluência de tudo; dia em que nunca vi sombras, porque é demais.</div><br /><div>Véspera sou eu preparando a tua entrada preparada para ser; dia és tu subposto ao tic tac do mundo, tu anexo à hora da partida.</div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-32911344395980572532008-07-15T17:30:00.019+01:002008-07-17T21:10:46.882+01:00Shhhhh....<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkMLtHIVhreJdQ2JE81XapnpHTtJioaPYnT-R7LhV3WYxH4JjRUg1HUFtiAIelHMyXSQvtxImlo-a81mmh1f1BGaTsL2Z2d7n0QEl3mYWmph1TlEglCqoG417O1WN0f2pfkcoAcQ/s1600-h/2008-07-17+Shhhhh[1]...jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5224077107608664674" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkMLtHIVhreJdQ2JE81XapnpHTtJioaPYnT-R7LhV3WYxH4JjRUg1HUFtiAIelHMyXSQvtxImlo-a81mmh1f1BGaTsL2Z2d7n0QEl3mYWmph1TlEglCqoG417O1WN0f2pfkcoAcQ/s320/2008-07-17+Shhhhh%5B1%5D...jpg" border="0" /></a><br /><div><div><div>Suspenda-se esta rotina malsã!<br /><div></div><div>Instalem-se condições excepcionais esta manhã!</div><div></div><div>Que os autocarros não circulem e o metro páre e</div><div>não se veja motivo de avaria, nem se faça alarde!</div><div>Que ao longo das avenidas nada se mova e que</div><div>ninguém questione ou se comova! </div><div></div><div>Que não se tussa!</div><div></div><div>Que não se murmure!</div><div></div><div>Que mal se respire!<br /></div><div>Que o olhar não cruze outro olhar à procura de cúmplice ou de par!</div><div></div><div>Suspendam-se todas as conversas, as virtuais e as outras!</div><div>Fechem-se os canais e as comportas!</div><div>Instale-se um silêncio de excepção, sem ordem expressa para tal, sem pré-aviso e sem convulsão!<br /></div><div>Como se num acordo profundo, cansados de sermos sempre iguais, tivessemos combinado tirar o som ao mundo.</div></div></div></div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-72323578808624872792008-07-14T21:47:00.004+01:002008-07-16T11:55:48.834+01:00Blowing in the wind<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRin6yVLUy9fSz8pp9zRKj29sOLBoKNvrWZhqUH8E9pJ-8AYucWgTfEi4xjXT0HcfCW494t-htgaZjJ2iEKWF53Be-GTGUQ4-Y_lqWLDWhEpf3ROGpWVxMRrHoS9e3u0Yt9b0j5g/s1600-h/vieira5.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5223341909406556210" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRin6yVLUy9fSz8pp9zRKj29sOLBoKNvrWZhqUH8E9pJ-8AYucWgTfEi4xjXT0HcfCW494t-htgaZjJ2iEKWF53Be-GTGUQ4-Y_lqWLDWhEpf3ROGpWVxMRrHoS9e3u0Yt9b0j5g/s320/vieira5.bmp" border="0" /></a>Eu bem te disse que ao entrar fechasses bem a porta para não deixares passar o vento.<br /><div></div><div>O vento é capaz de pôr em causa a mais perfeita das harmonias e, ainda assim, passar incólume.</div><br /><div>Não o vento robusto de que se compõem rajadas e que uiva e que ulula para que saibam que, apesar de invisível, ele está ali e quer ver reconhecida a autoria dos estragos.</div><br /><div>Não esse vento-homem, mas aquela aragem fina, ainda imperfeita mas já pujante, ferida de pequenas brechas e em uma lamúria constante...um sopro insinuante e desordeiro que vai almofadando os nossos passos até que, de súbito, no momento certo, nos causa - impávido - o maior dos embaraços. </div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-28643536582794671942008-07-13T21:06:00.008+01:002008-07-14T18:06:13.510+01:00Na Solidão de um Ateu<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgra6IFyY3NYh0sfsI2Ks7XY_A3BPoW1cW2YfeIsaXOQz2IJvkQbmpJJ7n-khJXf66mAEkaP-gbwkUtzoatX3YAle6OAd90PUD8kTNWazjPBr8oKg93oyFD1-oAUhrJAq8XBbwi6A/s1600-h/ilda+reis.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222916947576765154" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgra6IFyY3NYh0sfsI2Ks7XY_A3BPoW1cW2YfeIsaXOQz2IJvkQbmpJJ7n-khJXf66mAEkaP-gbwkUtzoatX3YAle6OAd90PUD8kTNWazjPBr8oKg93oyFD1-oAUhrJAq8XBbwi6A/s320/ilda+reis.bmp" border="0" /></a> Um velho amigo meu dizia-me que procurarmos um sentido na vida era prova da maior arrogância.<br />E grande covardia essa ideia de um Deus que acautelasse o nosso futuro, assim nós cumprissemos os seus preceitos e fizessemos o <em>mea culpa</em> por cada dos nossos desvios.<br />Sentido e Deus, Arrogância e Terror são hoje uma dupla tão lógica quanto incómoda em cada um dos meus dias.<br />Invejo, não sem desprezo, aqueles que vivem na leveza da Fé e no consolo do Determinismo.<br />E, no entanto, já não seria capaz de conviver em harmonia com a minha dignidade se não me confrontasse, diariamente, com esta finitude de que sou feita, com este sem propósito com que me afirmo, convictamente, em cada uma das minhas decisões.<br />Por isso, quantas vezes, me vejo a vacilar entre o Bem e o Mal, não havendo castigo marcado, nem paraíso à vista e sendo o perfil da Sombra tantas vezes tão próximo dos nossos mais secretos Sonhos...não digo a sombra funesta com que, avançando, mortificamos os outros; falo desse Lado Obscuro que apenas tem, por contraditório, a Moral Social, a identificação com um Colectivo correcto e civilizado.<br />O Bem, a Luz, escolhidos, assim, na Solidão de um Ateu, são muito menos convidativos e, seguramente, muito menos consoladores.<br />Por isso é que cada uma das minhas boas acções não me faz necessariamente mais Feliz, mas torna-me, a cada dia, mais Forte na convicção de que ninguém decide por mim. E esta é, afinal, a minha Arrogância.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-35338546494416451842008-07-06T21:02:00.002+01:002008-07-14T18:06:55.023+01:00Saramagueando contigo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtEepJWv4vfC5Kkb5i83FyLjluHhvDMTAI7TbkcA9KPR7ffYfit9Meo4Uwa_ItQSO2fJpQyfKUOBISmS3gzDeIbVezaN0z6Vpg9hA8WfNEmci3bl_LlGvMSPatjh57WW8Rkqp6YA/s1600-h/armanda+passos3.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222917331070398146" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtEepJWv4vfC5Kkb5i83FyLjluHhvDMTAI7TbkcA9KPR7ffYfit9Meo4Uwa_ItQSO2fJpQyfKUOBISmS3gzDeIbVezaN0z6Vpg9hA8WfNEmci3bl_LlGvMSPatjh57WW8Rkqp6YA/s320/armanda+passos3.bmp" border="0" /></a> Se a nossa fosse uma história de Saramago este seria o tempo da passagem em que o narrador diria assim:<br /><br />"Tertuliano nunca duvidara que aquela mensagem de desistência acabaria por chegar e com ela o vislumbre do princípio do fim de uma relação que tinha sobrevivido apenas pela resistência de Maria da Paz ao seu sinuoso silêncio.. mas dessa resistência vinha também esta morte como se ela contivesse num só grito toda a loucura toda a espera sem sentido toda a ilusão sem propósito todo o descaminho dos afectos.O que em breve Tertuliana viria a constatar seria portanto tão só o corolário da equação que ele próprio montara. A Maria da Paz dar-lhe-ia essa última benção que consiste em acreditarmos que somos autores do que decidimos e enquanto muda de canal considera a sua própria mestria ele que não passa de um discreto professor de História no fundo não mais do que um secretário dos grandes homens mortos deste mundo. Tertuliano deixa-se dormitar e um sonho inquieta-o no sofá: Maria da Paz diante dele a dizer-lhe o quanto lastima a vida assim tão redutora se para tal lhes bastava a morte, a lamentar a paleta de cores a que parecia corresponder a gama infinita da decisão dos homens resumida nem ao preto e branco mas a uma velha manta recortada de cinzentos, marés de indecisões, de não ditos, de segredos, de murmúrios. Nos cinzas há vermelhos - responde-lhe Tertuliano no sonho - fímbrias de azul, de amarelo...ou de se não exactamente estas, cores parecidas porque era sonho e escusava a precisão técnica e com isto pretendia ele dar tão só voz ao seu silêncio e direcção às suas vacilâncias, sendo que Maria da Paz no sonho se aquieta ainda por lá anda em tempo anterior à sua mensagem. Certo é Tertuliano acordar, recordar esboços do que sonhou e falar sozinho como se a mulher ainda o pudesse ouvir: previ tudo, estava preparado para tudo. Porque haverias de ter tido a liberdade, a veleidade de improvisar? Agora Tertuliano sente um profundo cansaço e uma indescritível impotência. Naturalmente vai guardar para si ambas e recolher rapidamente porque afinal ele é antes de tudo um cavalheiro e depois um dedicado servidor do Estado que se quer recomposto a cada novo dia para bem servir a nação essa sim diferentemente dos amores até mesmo dos seus digna de confiança e imorredoura. "<br /><br />Se ocultei faceta ou ângulo foi apenas, como bem o poria Tertuliano, porque o podemos ir fazendo ajustado ao tempo e aqui falamos do tempo de Maria da Paz que o há-de vir a ter reajustado a si própria, convenientemente, e com ele refará toda esta nossa história, dito de outro modo, este capítulo da sua história.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-86805442432728378252008-06-26T20:04:00.009+01:002008-07-15T20:21:38.760+01:00A Película dos Dias<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf3HoBbCBu14hxST1oaHWvCZCPGHvMjq9YqIcHJQO98XeRNbN9b8GHmTgEuxGXnQrpsYFQPnAPhAo4YUynPZF_3Lyz2Rk2NQBAT_EzHPirYWEXmMFyMcc20ansf2bc3e6N739_tQ/s1600-h/pica.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5223323141593093682" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf3HoBbCBu14hxST1oaHWvCZCPGHvMjq9YqIcHJQO98XeRNbN9b8GHmTgEuxGXnQrpsYFQPnAPhAo4YUynPZF_3Lyz2Rk2NQBAT_EzHPirYWEXmMFyMcc20ansf2bc3e6N739_tQ/s320/pica.bmp" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP-6MdsirXEGynbv76OKOdXOj8N8NSbAnXl0ujuy29wDa8PYpRY4KjuoSqSOQpmcrmDvqtQq_uvVOugLkwXnKIoqdiN5IzC0r9rDnMMHKa16_2-vz4U3kSnuVkjXsRF9wD8jubwg/s1600-h/sem+título3.bmp"></a>Olho para o espelho e vejo uma estranha criatura. Quem ali se reflecte não sou eu. Eu sou a rapariga das fotografias que o meu avô tirou e não quis ficar por lá e desatou a viver em contratempo.<br />Acho que é por isso que a minha melancolia e a minha alegria andam sempre juntas, como a película e os dias.<br />Não tenho mais que a idade com que tentaram prender-me num ponto fixo e a preto e branco.<br />Não a tenho, porque não a entendo, porque não a sinto onde sentir é um pensamento.<br />Não é uma questão de não querer envelhecer, uma teimosia inútil e fútil.<br />É como se máscaras e máscaras de tempo se tivessem acumulado sobre a escultura original que eu sou e que à superficie dos espelhos e aos olhos dos estranhos surgem como sendo eu.<br />Minto: que aos olhos dos outros surgem como sendo eu.<br />Olho para ti e vejo-me uma estranha criatura...acho que é por isso a minha melancolia.</div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-84921811424750344142007-10-29T14:57:00.001+00:002008-07-14T18:11:49.580+01:00Visto de casa, o infinito...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN_pDof1obQVgsSt60LX9ITZZmY0ykE43364hmK19FAnjwbTkLuyD91VuClWL1Qxzruol-uwXoH_rnz_Q0YqsmNZNHV5iq9-Laj_5vfOhKMWaiNVzvIbZo3dXLUBIKpdU0FSh1eg/s1600-h/shielle3.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222918589204716434" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN_pDof1obQVgsSt60LX9ITZZmY0ykE43364hmK19FAnjwbTkLuyD91VuClWL1Qxzruol-uwXoH_rnz_Q0YqsmNZNHV5iq9-Laj_5vfOhKMWaiNVzvIbZo3dXLUBIKpdU0FSh1eg/s320/shielle3.bmp" border="0" /></a><br /><div><span style="font-size:85%;">- Prepara-te para o regresso a que Novembro obriga<br />com o circular rigor do frio<br />e das chuvas a vertical disciplina<br />e o movimento horizontal do ar...</span><br /><span style="font-size:85%;">...<br />-Prepara-te para o regresso a casa.<br /><br />- É triste o Inverno, não é, mãe?</span><br /><br /><span style="font-size:85%;">- Não, filho. Visto de casa,</span><br /><span style="font-size:85%;">é só uma geometria</span><br /><span style="font-size:85%;">resguardada da noção de infinito.<br /></span></div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-34054446864992933432007-10-29T14:54:00.001+00:002008-07-14T18:45:11.651+01:00Sounds of Silence<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzqWqOJ89Xwuzu0noGXdClNMJE0bH5S1U8SWWF7Kk1AWY3S0NPTFqgPaO8q03KTyntysObamfS5XAIs80EGPg1s6v8hEWYN5O7RKpgieEl0jNxRxwAt9A9FWZM74qKnISSGnMM3A/s1600-h/tapies1.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222927064099109058" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 160px; CURSOR: hand; HEIGHT: 92px; TEXT-ALIGN: center" height="97" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzqWqOJ89Xwuzu0noGXdClNMJE0bH5S1U8SWWF7Kk1AWY3S0NPTFqgPaO8q03KTyntysObamfS5XAIs80EGPg1s6v8hEWYN5O7RKpgieEl0jNxRxwAt9A9FWZM74qKnISSGnMM3A/s320/tapies1.bmp" width="378" border="0" /></a><br /><div><span style="font-family:lucida grande;font-size:85%;">Nem um som.</span><br /><br /><span style="font-family:lucida grande;font-size:85%;">No silêncio só</span><br /><span style="font-family:lucida grande;"><br /><span style="font-size:85%;">eu e este tempo</span><br /><span style="font-size:85%;"><br />todo</span><br /><span style="font-size:85%;"><br />suspenso e a nitidez<br /><br />perdendo-se<br /><br />das certezas<br /><br />nem um sinal.<br /><br />A alma recicla-se<br /><br /><br />desta forma<br /><br /><br />brutal!<br /></span></span><br /></span></span></div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-1169764116190812292007-01-25T22:28:00.001+00:002008-07-14T18:46:21.043+01:00Sound Traque<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8Oc6J05qwleRG_faKG8M3Q2KMDdeLRSPJqPH7nmULZUXMDzW41gMmEs-3FeRbaugDLmSkDkh2x92nmDGd5MraYuhEqfyHG_LLCfqB7YefEozfQa60b5TqcE8sMEj-FVHSZu0-QQ/s1600-h/parente.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222927504221546690" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8Oc6J05qwleRG_faKG8M3Q2KMDdeLRSPJqPH7nmULZUXMDzW41gMmEs-3FeRbaugDLmSkDkh2x92nmDGd5MraYuhEqfyHG_LLCfqB7YefEozfQa60b5TqcE8sMEj-FVHSZu0-QQ/s320/parente.bmp" border="0" /></a> Hoje são 3 os sem abrigo da vuitton. Janeiro de 2007. Era 1 quando comecei a escrever aqui e o meu pai estava vivo.Vão ver a data, não foi assim há tantos meses. É este o poder devastador do tempo num país que dia a dia nos vai empobrecendo.Ainda estou às voltas com o trabalho. Já não há espaço para a poesia.Deixo essas palavras vagas para os países do Norte. Aqui trata-se de viver o essencial e do essencial.<br /><br />Só voltei a este caderno para registar o aumento do número de sem abrigo junto à loja escandalosa de Louis Vuitton e, já agora, para acrescentar o mal que cheira nas redondezas e que dizem que vem dessas pobres almas enroladas sobre si mesmas.Duvido.Entre a miséria recolhida e a opulência escancarada qual vos parece que mais se presta a descuidar-se?Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-1152202803522130642006-07-06T17:16:00.001+01:002008-07-14T18:47:32.935+01:00O Amor, a Vida e um Baralho de Cartas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKWcDu-vVsKcb7pIJaNKN996njTDeWK-YmHFGhuHdKaGz5A9z_pC4dVsI5PG6sADQ1BHKbpqCkookvWzr5ZD4Llhxit5wUYEBFX1qTvGzf4RYX5OgJxvDFQlJX7fAqtlnApHdrGw/s1600-h/parente2.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222927808685665090" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKWcDu-vVsKcb7pIJaNKN996njTDeWK-YmHFGhuHdKaGz5A9z_pC4dVsI5PG6sADQ1BHKbpqCkookvWzr5ZD4Llhxit5wUYEBFX1qTvGzf4RYX5OgJxvDFQlJX7fAqtlnApHdrGw/s320/parente2.bmp" border="0" /></a><br /><div>Como num conto de Fadas, assim, às vezes, a Vida...dá-nos copas, guarda espadas.</div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-1151936933539430602006-07-03T15:20:00.003+01:002008-07-14T21:42:46.742+01:00Greed<a href="http://photos1.blogger.com/blogger/3882/661/1600/matisse1.jpg"><img style="CURSOR: hand" alt="" src="http://photos1.blogger.com/blogger/3882/661/320/matisse1.jpg" border="0" /></a><br />Há homens tão belos!...<br />Não têm idade os homens, quando são belos.<br />E nós parecemos crianças a admirá-los,<br />a querer tê-los.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-1148467633099610192006-05-24T11:37:00.001+01:002008-07-14T18:48:30.616+01:00Adeus, pai!...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjruOKgFTBZ7cl-OZzfB4R6mn0lS7OWB8itiyIV0CzOlSeigYTWkrxHFLIuZHuzQO_0kUm6mNi_NUxvqbbZJgG64wby_XXj63iGZpaTeY6X-1ta1-nP7xxOxhBOipcAb2HZBfWPKg/s1600-h/pa.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222928049381365234" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjruOKgFTBZ7cl-OZzfB4R6mn0lS7OWB8itiyIV0CzOlSeigYTWkrxHFLIuZHuzQO_0kUm6mNi_NUxvqbbZJgG64wby_XXj63iGZpaTeY6X-1ta1-nP7xxOxhBOipcAb2HZBfWPKg/s320/pa.bmp" border="0" /></a> <span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Obrigada, pai, por nos teres amado tão incondicionalmente...</span><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: center" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" ><?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-ALIGN: center" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" ><o:p></o:p></span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:arial;"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" >...Nos deveres e nas graças, aos domingos e às segundas-feiras, em dias de luz e de risos e nos outros de dor e de desalento, de desgraça e de desvario, de solidão e de doença. </span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" >Obrigada por nos teres dado uma infância onde é bom voltar sempre que a memória nos chama e onde podemos levar a passear os nossos filhos, sem sombras que os assustem. </span></span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" ></span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" ></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Obrigada pelos Carnavais no jardim, pelas bicicletas, pelos cães, pelos concertos de jazz nas noites de Agosto, pelas mil boleias, pelos banhos de mar e os pinos na areia de Sesimbra, pela mão na nossa mão nas salas dos médicos, por receberes os nossos namorados e gostares dos nossos amigos, pelos castigos certos e os errados e, sobretudo, pelos escudos quando as notas eram boas. </span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" ></span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" ></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Obrigada, pai por, entretanto, termos crescido a tratar-te por tu, por ires comprar os soutiens por nós, por nos teres deixado ripostar e desobedecer-te, por te termos contigo sempre do nosso lado e nos teres deixado reparar que não eras perfeito. Tu sabias que nós também não. </span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Afinal, foi a seguir que te amámos, se era possível, ainda mais. </span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Foi depois disso que não tivemos quaisquer outras dúvidas: tu eras o pai das nossas vidas!</span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Obrigada pela coragem de que deste prova e pela perseverança de que nos deixaste testemunho, pela tenacidade e pela alegria que semeaste em cada passo. </span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Obrigada por essa felicidade com que cantarolavas – mesmo nos dias mais difíceis, mesmo nestes, perto do fim - e que nos lembrará sempre a mais alta e a mais brilhante árvore de Natal: a tua! </span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Obrigada pelo optimismo, pai. Obrigada pelos teus conselhos, mesmo os que não quisemos ouvir, e por nos ouvires os segredos, mesmo os que te doíam saber.<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Obrigada por procurares ajudar-nos até quando não te pedíamos nada.<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Obrigada por esta lista sem final à vista.<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >E um obrigado infinito por teres suportado, quase sozinho, essa outra cruz que te afundou a vida, mas nunca a alma e nunca o sonho e o sorriso com que todos os dias nos abrias a tua porta. </span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Haverá melhor prova, haverá sinal de amor mais incontestável?<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Obrigada, enfim, por teres esperado por cada um dos nossos filhos como se fossem teus e por teres amado, cada um deles, como nos amaste a nós, mas com mais ternura ainda.<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" ><br /><span style="font-family:arial;">Hoje é o dia mais triste das nossas vidas: sabemos que nunca mais as horas vão ser perfeitas e que a saudade é tão concreta como a pedra e o silêncio e a casa vazia.<br /></span></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" ><br /><span style="font-family:arial;">Mas hoje é, também, o primeiro dia de uma nova vida, o primeiro dia dessa missão que cada pai lega a cada filho e que tu, mais que ninguém, mereces que cumpramos, pediste-nos que cumpríssemos: </span></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Não te deixar morrer nunca.<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Trazer-te connosco em cada gesto nosso e, depois, no de cada filho,<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >vivo, até à eternidade.<br /></span><span style="font-family:arial;"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" >Lembrando-te, como tu sempre pediste,<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" >não o avô destas últimas horas amargas e tristes, </span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" >mas o pai dos tempos alegres e fortes de uma vida inteira. </span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" >Não sentados e nostálgicos e chorosos, mas caminhando e construindo, </span></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >recebendo cada manhã como uma bênção.<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >A tua bênção.<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Cada um de nós à sua única maneira.<br /></span><span style="LINE-HEIGHT: 150%;color:maroon;" ><br /><span style="font-family:arial;">Adeus pai! </span></span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="font-family:arial;"></span></p><br /><p class="MsoNormal" style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt; TEXT-INDENT: 35.4pt; LINE-HEIGHT: 150%; TEXT-ALIGN: justify" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 150%;font-family:arial;color:maroon;" >Vai pelas beirinhas...</span></p>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-1142605577287523212006-03-17T14:22:00.001+00:002008-07-14T18:51:10.314+01:00Álvaro dos Campos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoak-bmrgWjjbiVmqukoKOuryabNjPFgC12EPrnw9PIp4djhk5jrfp310hA4O0AvSRZLPj35egTQ4ZhFi6CXmpSXxFhD_tD_w9Y2_y10H3uMPWIpVXLcSGp2HFq6w7IEaYC5hiAQ/s1600-h/paula+r.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222928725585994450" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoak-bmrgWjjbiVmqukoKOuryabNjPFgC12EPrnw9PIp4djhk5jrfp310hA4O0AvSRZLPj35egTQ4ZhFi6CXmpSXxFhD_tD_w9Y2_y10H3uMPWIpVXLcSGp2HFq6w7IEaYC5hiAQ/s320/paula+r.bmp" border="0" /></a><br /><div>Faz qualquer coisa!!!<br />Diz!<br />Deixa que o turbilhão te consuma, mas te consuma de vez! Brinca às casinhas, pois. Mas fá-lo como se toda a casa ardesse e tivesse alma e houvesse que a lavar, que a esfregar e desinfectar e expurgar antes do fogo, antes de se apresentar a Deus. E põe, repõe, recompõe o lugar das coisas, experimenta à direita, corrige para a esquerda, centraliza as laterais, rectifica a lógica, muda os móveis, porra, MUDA OS MÓVEIS!!! Depressa, em delírio, muda tudo até que fique tão perfeito, mas tão perfeito que pareça uma puta de uma obra de arte, tão contemporânea, tão extemporânea, tão estuporadamente viva como esta vida devia ser! Mais depressa, mais rápido, mais fundo, mais forte, mais forte!!!MUDA, PORRRAAA!!!!Até que te saltem das mãos os móveis e os púcaros e as telas e os livros e a bibelotagem desate a voltejar, a auto-criticar a posição e a ordem, a procurar sozinha o não lugar que é o movimento. Até que te saltem das mãos as mãos, MUDA!!!!Depressa, para que o grande Esteta perceba, das cinzas que fiquem do fogo, a porra da tua alma-pó.<br /><br />Pronto. Já disse.<br />Percebeste? Já disse!!!</div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-1142605020898111552006-03-17T14:14:00.002+00:002008-07-14T18:56:54.375+01:00Como um traço tremendo a galope nos dias<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu3esY2YYVpmoL2hJmpBI0bqvMZKluZMtEx9qSM2BfmEko-yFWMHFMq8gSXkbHNyHSNQoJI5Pkc7iaxqxGA9aItBNGg9r9exJl_jDg8pBChFByzd6AhvTmsgqOfEW3wU4g3rZX1Q/s1600-h/shielle.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222930213413411906" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu3esY2YYVpmoL2hJmpBI0bqvMZKluZMtEx9qSM2BfmEko-yFWMHFMq8gSXkbHNyHSNQoJI5Pkc7iaxqxGA9aItBNGg9r9exJl_jDg8pBChFByzd6AhvTmsgqOfEW3wU4g3rZX1Q/s320/shielle.bmp" border="0" /></a><br /><div><div>Tenho para ti uma frase<br />suspensa nos dias<br />encharcada<br />como uma toalha num estendal<br />de Inverno<br /><br />Tenho uma frase de peso para ti<br />entalada no tórax e inquieta<br />como uma criança<br />no momento da festa,<br />na hora de querer ter tudo, ser tudo, já.<br /><br />Tenho, sinuosa e para ti, uma frase<br />como um traço tremendo<br />da dúvida à incerteza da dúvida.<br />Uma frase obscura como um homem<br />que se sonha em carne montado<br />numa égua e que grita:<br />IOOOOHHHH!!!!!!IOOOOOHHHHHH!!!!<br />IIIOOOOOHHHH!!!!!IOOOHHHHH!!!!<br />IOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!<br /><br />Tenho uma frase para ti<br />a galope nos dias<br />entalada nas dúvidas<br />suspensa nos sonhos<br />Uma frase que é<br />(como quem diz uma festa)<br />hipermobilidade de desejos<br />expostos<br />nesta grande superfície infernal<br />que sou eu.</div></div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-1142604758090355982006-03-17T14:07:00.001+00:002008-07-14T18:53:52.119+01:00Empate técnico<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisj1CWJNb8nf-B9JVin_X0lYUCiCbcOF2sZv-oo-VVHMHDt-36E8kIbIgBlyCH686jNfrg_uMTovgB59RWbjNVeq63UM-OpkO9SPtbMJilo55zcZKtWVIExaVca7czHx6nViUbPw/s1600-h/tapiés.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222929415648366146" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisj1CWJNb8nf-B9JVin_X0lYUCiCbcOF2sZv-oo-VVHMHDt-36E8kIbIgBlyCH686jNfrg_uMTovgB59RWbjNVeq63UM-OpkO9SPtbMJilo55zcZKtWVIExaVca7czHx6nViUbPw/s320/tapi%C3%A9s.bmp" border="0" /></a><br /><br /><br />O telefone tocou. Três vezes. E ela pensou em nem pensar em atendê-lo. Era um jogo de resistência: o telefone a tocar a 4ª vez, a 5ª e ela agarrada à linha do livro, tantas vezes quantas o telefone tocasse. Até a linha do livro não fazer qualquer sentido e o toque do telefone também não. Como um empate técnico.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-1136895416248438522006-01-10T12:15:00.002+00:002008-07-14T19:45:36.009+01:00O que Fazemos dos Sonhos que Temos - III. Brunessa Essa...<img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222942741848251970" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUNo9peXbpH6ycutnRkGraxS2atC59p53AJphBit62EiX5D2WP0dMo4DYy4G4HRw1MaodSdYQb5mlRLiJeKayIpxvkd0HVQN-lBigRx769Anp7UlpcVOe1nvSf19_TpQpxiNLOYw/s320/kandisk.bmp" border="0" />...Enquanto Criança<br /><br />Na 3ª caixa não está ninguém, porque a criança é transparente.<br />Quando está quieta é transparente e tudo o que está à volta dela se atravessa nela.<br />Tem um corpo redondo e uma cabeça circular.<br />As cabeças são ovais.<br />A Brunessa Essa tem uma cabeça circular.<br />Deve ser porque tudo nela circula: a corrente sanguínea e a corrente universal.<br />Quando se mexe fica translúcida o que significa, em linguagem de Brunessa, que Essa continua transparente enquanto a Bruna fica lúcida.<br /><br />Os rapazes são definíveis: quando são, são. Quando não são, não são.<br />A Brunessa Essa não se enquadra.<br />Não é serena como o Gavião e não é bicho como o Maninho.<br />A Vanessa Essa está à procura dentro da caixa. À procura da sombra, mas não procura com os olhos de procurar ver, nem com as pernas de ver se te agarro. (O peter pan farta-se de suar com a mesma cena.)<br /><br />Mas a Brunessa Essa tem de resolver um problema antes de desatar a ser muito activa.<br />Tem de resolver a transparência antes de resolver a sombra. Primeiro a Brunessa tem de arranjar uma sombra.<br />Mas se encontrar modo de arranjar a sombra a Brunessa Essa vai arranjar o problema de a agarrar e depois de agarrá-la a Brunessa Essa vai ter medo que a sombra a agarre a ela, ou seja, se agarre a ela.<br /><br />A Brunessa Essa tem medo.<br />E o medo faz a Brunessa Essa transparente.<br />E a transparência é luminosa em todos os sentidos, porque não faz sombras.<br />A Brunessa Essa não gostava nada de fazer sombra, porque a sombra é fria e a Brunessa Essa sabe que o frio matou a menina pobre da caixinha de fósforos, apesar do frio ser branco e luminoso como a transparência.<br />E aí a Brunessa Essa tem medo de se enganar no medo que deve ter.<br /><br />Na 3ª caixa está uma menina enroscada em si própria como uma circunferência.<br />Tem 3 saquinhos de terra que lhe deu a mãe e quem olhar para a 3ª caixinha verá 3 saquinhos de terra com uma menina nas mãos.Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9209464.post-1136886785484359312006-01-10T09:52:00.002+00:002008-07-14T19:51:54.717+01:00O que Fazemos dos Sonhos que Temos - II. Maninho...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikTiaiM2fIP2rkTn5IgazXfJU_pMRhXnNV_z22SrnNR45u3OzTapr7LOTpd8_Wr9BQIMCuQDrq3a4LHptinDTdjUTBJ8-PGTELqBOcdX7Gxw9BL2ySNm_6exHmpMEMZP-suEIleA/s1600-h/tapies2.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222944405718747330" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikTiaiM2fIP2rkTn5IgazXfJU_pMRhXnNV_z22SrnNR45u3OzTapr7LOTpd8_Wr9BQIMCuQDrq3a4LHptinDTdjUTBJ8-PGTELqBOcdX7Gxw9BL2ySNm_6exHmpMEMZP-suEIleA/s320/tapies2.bmp" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-RWm58ilbzAkg6LtWWQY9Xxl4ZYRfKGh6MtFA-QqOtRdec4hjfdxk-tImG6i90DzMp5sziA_6nyhP580z6poaCRhK4Le6-rJEBQDwutbqVNsbmrpkK-0ra4AMIC6376mbgOY0ew/s1600-h/sonia.bmp"></a><br /><br /><div>...Enquanto Jovem<br /><br />Tem uma mochila das Forças Armadas Portuguesas.<br />Trocou-a n Feira da Ladra por uma colecção de 1500 caricas de uma cerveja que já não há e que encontrou na cave onde a mãe e as vizinhas largam o lixo. As caricas estavam espalhadas pelo chão como se alguém as tivesse despejado de uma pasta qualquer para se ver livre delas, para libertar a pasta.<br />Durante muito tempo brincou com elas a fazer estradas e pontes e barcos. A fazer de conta.<br /><br />Uma noite fartou-se da miúda que dizia que ia casar com ele e ter muitos filhos e ser muito feliz e comprar o vestido na D. Deolinda e coser meias melhor do que a mãe.<br />Uma noite fartou-se dos beijos dela.<br />Já sabiam só à sua própria saliva.<br />E fartou-se dos bóbós dela que ficaram iguais a uma punheta, mas obrigavam-no a conversar depois de se vir.<br />Fartou-se da gaja, deu-lhe uma raiva e deixou-a podre a vê-lo enrolar-se com outra, ali mesmo nas trombas dela, dos amigos dela, dos planos dela, da porra toda!!!<br />De manhã pegou nas caricas.<br /><br />A mochila do Maninho tem dentro sprays criptotóxicos que dão pra grafitar e tegar as paredinhas brancas de Lisboa.<br />No bairro, só mesmo à socapa.<br />Ninguém lá pára a não ser ele, a crew dele e os caninos.<br /><br />O Maninho é grafiteiro étnico - não há merda que lhe escape: o que está certo e o que está errado. Neste mundo e no outro.<br />O Maninho deixa tudo bem explicadinho a cores e letras de um desenho espantoso.<br />Quando acaba o material, o Maninho sabe como encher a mochila.<br /><br />Tem 18 anos.<br />Trabalha nas obras a guiar um guindaste.<br />O dinheiro gasta-o nas suas obras de arte, nas pastilhas e na conta da luz, da água e da Cabo.<br />Não ia deixar as vizinhas ficarem a rir-se da mãe por ela passar as noites a olhar para 4 canais, para 4 paredes.<br /><br />O Maninho é um gajo muito divertido e nunca está down, diz a crew.<br />As vizinhas dizem que o rapaz é um drogado e um ladrão, mas é tudo mentira.<br />O Maninho é só um gajo com pilhas.<br />Só se vai abaixo quando tem mesmo que ser e ninguém precisa de saber disso, tá visto.<br /><br />Ali em cima, com a cidade toda a chamar por ele, sozinho que nem um urso, quem era o tipo que não havia de querer meter-se a voar, atirar-se de cabeça, passar-se prá outra dimensão ou, pelo menos, tentar?<br />Quem era o tipo, hem?<br /><br />O Maninho tem uma mochila e dentro da mochila tem a chave da porta da cabina do guindaste, as criptotóxicas, as pastilhas...<br /><br />O Maninho tem uma mochila que conseguiu graças à colecção de caricas que roubou graças à fúria da mãe que se passa da cabeça graças ao pai que nunca está.</div></div>Alexandra Moreirahttp://www.blogger.com/profile/00299994138743174301noreply@blogger.com0