domingo, julho 13, 2008

Na Solidão de um Ateu

Um velho amigo meu dizia-me que procurarmos um sentido na vida era prova da maior arrogância.
E grande covardia essa ideia de um Deus que acautelasse o nosso futuro, assim nós cumprissemos os seus preceitos e fizessemos o mea culpa por cada dos nossos desvios.
Sentido e Deus, Arrogância e Terror são hoje uma dupla tão lógica quanto incómoda em cada um dos meus dias.
Invejo, não sem desprezo, aqueles que vivem na leveza da Fé e no consolo do Determinismo.
E, no entanto, já não seria capaz de conviver em harmonia com a minha dignidade se não me confrontasse, diariamente, com esta finitude de que sou feita, com este sem propósito com que me afirmo, convictamente, em cada uma das minhas decisões.
Por isso, quantas vezes, me vejo a vacilar entre o Bem e o Mal, não havendo castigo marcado, nem paraíso à vista e sendo o perfil da Sombra tantas vezes tão próximo dos nossos mais secretos Sonhos...não digo a sombra funesta com que, avançando, mortificamos os outros; falo desse Lado Obscuro que apenas tem, por contraditório, a Moral Social, a identificação com um Colectivo correcto e civilizado.
O Bem, a Luz, escolhidos, assim, na Solidão de um Ateu, são muito menos convidativos e, seguramente, muito menos consoladores.
Por isso é que cada uma das minhas boas acções não me faz necessariamente mais Feliz, mas torna-me, a cada dia, mais Forte na convicção de que ninguém decide por mim. E esta é, afinal, a minha Arrogância.

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