Ad Nauseam...
"Entre le oui et le non, entre le pour et le contre,
il y a d'immenses espaces souterrains
où le plus menacé des hommes
pourrait vivre en paix"
M. Yourcenard
Entro numa sala de cinema à procura de viver uma alternativa à minha própria geografia, uma variante à circularidade dos meus pensamentos. Vou sozinha. É importante escolher horas extremas, longe das turbas e dos cultos: o mais tarde na manhã, portanto. Raramente consigo a solidão total.Há sempre meia dúzia de criaturas com não sei que peregrinas razões para não estarem ainda a dormir ou já a trabalhar. O importante é que permaneçam em silêncio para que esqueça que existem e com eles a sala de cinema, o filme enquanto tal e eu. Depois, depois basta que se apaguem as luzes e as fichas técnicas. É então que me sirvo de uma das personagens ou de um vazio de deus que assiste à narrativa das suas criaturas.
Quando saio há sempre o choque de descobrir que continuo aqui. São os odores que me agarram primeiro, o cheiro forte a café. Logo a seguir as luzes apontam ao meu corpo e eu dou conta que caminho sobre pernas.Mas o pior são as vozes, a desarticulação dos sons, uma espécie de onda que trouxesse consigo restos de peixes e crustáceos, algas velhas e sórdidos resíduos humanos largados na aflição da pressa. Não entendo o guião.Não destrinço as personagens.
Somos todos figurantes.
1 Comentários:
Figurantes, o caraças.
É de perdoar o baque da luz, uma vez terminado o período de imersão. Desculpar-se-á porventura, a inexactidão sonora de uma música ambiente a destempo; nem sempre é tempo de trombetas, por vezes torna-se dificil aceitar a agressão de um trompete genial;aceita-se o choque de reconhecer nas pernas a fonte de movimento ao invés da pura vontade expressa . Mas convenhamos, figurantes, o caraças!!!! Quanto muito títeres autosuficientes, personagens menores todavia.Mas personagens, porra, somos todos personagens e temos histórias para contar. Para os figurantes, o castigo do silêncio, cordel e agulha para fecharem a voz.Das palavrinhas
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