quinta-feira, novembro 17, 2005

Fábula Surrealista


Entrei no meio-dia e vi a Girafa
num autocarro com um chapéu
que, muito incomodado, tinha por mal deixado
a cabeça ao léu
e repetia em série, para algum Veado:
- Quanto mais fino mais desatino!
- Quanto mais fino mais desatino!!!

E a Girafa também, não menos alterada,
retorquia, a pobre, quase esmigalhada, para o Canguru
que mal a via enquanto a pisava, a olho nu,
(a pobre coitada!):

- Se houvesse brio,
ou um lugar vazio,
não me tratava assim,
não lhe admitia tal, seu grande animal!

E esticando o pescoço,
a garbosa Bicha, reparou que sim...
Num último esforço,
esgueirando-se ágil,
ainda meia frágil,
- mas bastante fula! -
sentou-se,
num ápice,
no dorso rogoso
da patética Mula.

Passei do meio dia para as horas seguintes
e revi a Girafa em longas demoras
escutando a Raposa a falar-lhe da pinta
e do lugar dela,
horas e horas...

Moral desta história que já mais que basta:
Se um autocarro assenta mal num animal,
pior assenta, nesta história pobre, o mesmo autocarro num qualquer snob.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial