Paris, Roma
(Avenida de) Roma, 1976.
sdf
A cartografia emoldurada pelas paredes muitos brancas, todas. A casa em madeira escura e brilhante. Opulenta. Sobre o feltro limpíssimo da mesa de jogo, o antigo problema de matemática. E um candeeiro de pé alto. Cobre puxado a lustro sobre chumbo garantido. O circulo de luz a circunscrever-me ao caderno de exercícios. Entre mim e o primo velho, o silêncio. O de quem desespera por uma revelação e o de quem anseia por fugir dali. Este será outro encontro sem resultados certos, sem estratégia, sem vitórias. O mesmo problema de sempre. O mesmo muro. Se ao menos chegasse depressa a hora de aconchegar os lençóis aos ombros, sentir-lhes um odor novo e lavado e o peso incalculável dos cobertores...o momento em que hei-de percorrer com avidez cada lombada de livro, cada objecto, cada superfície e curva de mobília. E estremecer pela descoberta da casa, da estranheza da casa, da surpresa da casa. Sobretudo a hora do som dos carros na avenida. Abafados por 5 andares de queda livre e pelo desejo de os enquadrar no meu sonho de futuro, os carros. Viver das desoras de uma metrópole frenética, o sonho.
Fecho os olhos sem sono e sei, pela força de ter de ser, que a partir de amanhã hei-de derrubar o muro. Resolver o problema. Enunciar uma vida que não terá mais uma forma circular, escura e garantida.
fgh
(Torre) Paris, 2005.
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