quinta-feira, dezembro 30, 2004

Futur Proche


Hei-de guardar na memória preso o lume que me restar do incêndio das idades e ser velha até ao mais incontornável tédio.
Hei-de ver o mistério das coisas como uma lady: assistir ao rodopio de vizinhos muito tensos de ousadias e medos e de absurdas inconstâncias de orçamentos.
Não hei-de ter saudades. Hei-de ter netos e, em cada um, um lugar da minha história.

Hei-de, sobretudo, guardar-me das lições. Porque se está só nos instantes em que se agarra o mundo: brancos trabalhos de lã num silêncio profundo.

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