quinta-feira, dezembro 30, 2004

Rosarum, rosis, rosis


Rosa, rosa, rosam

O prazer vive 8 casas acima da dor. De permeio, à porta das outras, estacionamos, no seu vagar, todos os dias que nos sobram. E aos quais não damos nome próprio.
Por isso há quem suspenda a escrita entre a primeira e a oitava casas. Porque o tédio tolhe as palavras como o sono a vida à mulher que espera, o amor ou guerra.


Rosae, rosae, rosa


É destempo. Risca da agenda antiga os amigos perdidos e os passageiros de outras viagens; faz e refaz listas de víveres absurdos; compra acessórios para o corpo futuro; reconhece a importância da ordem alfabética e da higiene profunda e obsessiva; procura nos recantos da casa indícios de desleixos vários e elimina-os a aguarrás; reposiciona, um a um, todos os objectos de superfície que não triturou; depois, relê os clássicos com a compostura e o sentido da decência e do dever de uma colegial impoluta e adormece, exausta.

Rosae, Rosae, Rosas

Chegou à penúltima casa e está orgulhosa. Senta-se e admira a obra. Pensa que agora é tempo de soarem as campaínhas. Tempo de receber o coração ou a espada.Tanto lhe faz. Está pronta. Se entretanto não acontecer nada, não entenderá. Não se preparou para um erro de cálculo geométrico: ter vivido em círculo fechado, rarefazendo-se à medida que...
Mas agora está exausta e orgulhosa. Não tem espaço para acolher o medo. Que se siga, pois, o amor ou a guerra ou até mesmo a morte.Tanto lhe faz. Tudo menos o mesmo do mesmo.Tudo menos o nada do qual viveu durante tantas casas.

Rosarum, rosis, rosis

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