Jam Session
Pois é, Ruiva, o Miles entra em lamento fingido com esta fuga minha à mea culpa, mas vai resmungando, stacatto, que a miúda é nova, que não sabia senão dizer da alma o que sentia e que eu sou velha de saber que a ordem natural das coisas pedia um slow motion a ouvir a garota a contar e mais não.
O gajo é bom, o Miles, tem um swing fundo que me desarma mais do que eu a mim própria, mas ele não sabe que eu não me desatento de querer o mundo, perfeito em cada assento e, por aqueles dias, o lugar era para ti.
Se conheço Rembrandt, miúda?Troco por Vermeer.
E apesar do esforço que me viste, sem pejo passo políticas e relações, pego nas frágeis ondas da Virgínia Woolf, loba d'emoções.
A vida, Ruiva - tu já sabes - não é, em nada, um filme francês. Não há Rivette, nem Truffaut maior que nos dirija: nada mais que a puta do acaso e cada dia.
Mas havendo de transcorrê-lo, o tempo, valham-nos os encontros nos transcursos e o pick-it here e o pick-it there.
Com a sorte pela frente, algum faz de conta que sim e as luzes do nosso contentamento, pode ser que, eventualmente, uma noite ou outra, alguém nos dê a jam session que queríamos que fosse inteiramente e para sempre.
Entretanto, por acaso, não tens por aí chá de jasmin?